Um risco alarmante
Uma CPI a esta altura, em meio a uma campanha eleitoral, é tudo que o governador Wellington Dias e seus aliados não desejam
O risco de a Assembléia Legislativa aprovar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre as investigações que a Polícia Federal realiza em contratos firmados pela Secretaria de Educação do Estado com empresas responsáveis pelo transporte escolar, preocupa sobremaneira o Palácio de Karnak. A maioria parlamentar que o governo tinha na Casa e impedia a oposição de propor CPIs, por diversas vezes tentadas, já não existe e as 10 assinaturas necessárias podem sair na próxima semana.
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Uma CPI a esta altura, em meio a uma campanha eleitoral, é tudo que o governador Wellington Dias e seus aliados não desejam. O estrago político-eleitoral será grande e pode comprometer o seu projeto de reeleição. Essa operação era tudo o que a oposição esperava para minar o favoritismo do governador nas urnas. É óbvio que a instalação de uma comissão parlamentar para investigar denúncias contra o governo em plena campanha, sem dúvida, será transformada num cavalo de batalha.
Se de fato a oposição conseguir instalar a CPI ela será resultado da má condução do processo de composição da chapa majoritária, uma panela onde todos mexiam e no final desagradou a uma boa parte dos integrantes e a conseqüência não poderia ser outra senão o governo perder a maioria folgada que tinha na Assembléia. Ao ser preterido na chapa como candidato a vice-governador, o presidente da Assembléia Themístocles Filho (MDB) foi o primeiro a desembarcar da nau governista.
Ora, se Themístocles era o guardião de todos os projetos do governo e dos projetos da oposição contra ele para que tudo saísse de acordo com os interesses do Palácio de Karnak, o governo perdeu todo o vínculo e a influência dentro da Assembléia. Até mesmo a conversa que o governador teve com o Themístocles esta semana, mediada pelo ex-deputado Osmar Júnior (PC do B), não foi conclusiva porque as relações entre o deputado e Dias já não tem mais o mesmo glamour político de antes.
Ocorre que a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito não depende só do presidente do Poder Legislativo. Atingido o número exigido pela Constituição do Estado e o Regimento Interno, não há necessidade de aprovação pelo plenário em uma sessão ordinária. O requerimento é lido e o presidente convoca os líderes para que indiquem os integrantes que elegerão o presidente e o relator. Daí em diante, é feito um cronograma de ação e a lista de quem deve ser ouvido e documentos solicitados.
Paralelo ao que está sendo apurado, os fatos comprovados vão sendo liberados para a imprensa e a divulgação é que dá uma idéia dos estragos que as revelações causam política e eleitoralmente. Por essa razão é que os líderes da bancada governista irão tentar de tudo para que o requerimento não alcance as 10 assinaturas necessárias e o que se diz na Assembléia é que oito assinaturas já estão postas, faltando apenas duas, daí o risco da instalação da CPI estar trazendo dor de cabeça ao Palácio de Karnak.
Luciano com Almir Reis e lideranças de Floriano
ADESÕES DE LIDERANÇAS
Aumentou a quantidade de visitas de lideranças políticas, principalmente do interior do estado, ao escritório de pré-campanha do deputado estadual Luciano Nunes, pré-candidato do PSDB ao Governo do Estado, para declarar apoio a ele depois da convenção. Na tarde de ontem, por exemplo, esteve com o pré-candidato o líder político Almir Reis, de Floriano, que foi candidato a prefeito na eleição passada e perdeu por diferença de cerca de 700, em um universo de 40 mil votos. Do Sul do Estado veio também para declarar apoio a Luciano Nunes o líder político de Itaueira, Chico Moura, que foi candidato a prefeito na eleição passada. Ele aposta na pré-candidatura de Luciano e quer mais atenção com o Sul do Estado. Outra visita que Luciano Nunes recebeu no escritório e que declarou apoio à pré-candidatura dele foi o vereador de Madeiro, no Norte do Estado, Antônio Hilário. Ele, que é também presidente do Sindicato dos Pescadores do município, veio acompanhado da pré-candidata a vice-governadora na chapa de Luciano Nunes, delegada Cassandra Moraes Sousa.
OBSTRUÇÃO
O governo ainda está conseguindo obstruir as votações de proposições que envolvem os acontecimentos resultantes da Operação Topic, que realizou busca, apreensões e prisões de pessoas ligadas aos fatos denunciados na Secretaria de Educação. Nesta quinta-feira (09), o deputado Robert Rios (DEM) apresentou um requerimento pedindo à Assembléia a convocação do secretário de Educação Elder Jacobina para prestar esclarecimentos sobre as investigações. Prevenido, o governo, através de seu líder o deputado Francisco Lima, obstruiu a votação e não deu quórum para votação. Com isso o requerimento ficou prejudicado.