Um mérito político

Um mérito político

O maior erro da oposição no Piauí que resultou na vitória do candidato do PT no primeiro turno foi subestimar a força política de Wellington Dias e apostar no “quanto pior, melhor”. Dias soube enfrentar sem tensão, desespero ou medo as conseqüências da crise econômica do país, o desgaste natural de seu governo sobretudo envolvendo a questão política e as dificuldades oriundas da falta de recursos para tocar as obras, e desta forma priorizou o pagamento dos salários para evitar atrasos.

Wellington Dias é reeleito governador do Piauí com mais de 55% dos votos (Foto: Lucas Sousa/Portal AZ)

Durante a campanha operações de busca e apreensão e prisão de assessores em secretarias e órgãos públicos eram apostas que a oposição fazia para que Wellington Dias despencasse nas intenções de voto. Ademais, os candidatos oposicionistas fizeram algo nunca feito antes que forem unirem-se contra Dias, estratégia também errada que só beneficiaria o candidato Dr. Pessoa caso a eleição fosse para o segundo turno. Ora, o adversário inicial era Pessoa para o segundo colocado ir para a disputa.

Mas não foram só os erros da oposição que levaram o governador ao seu quarto triunfo eleitoral para o governo. Quase nenhum analista exortou os méritos políticos e eleitorais de Wellington Dias – sua capacidade de articulação e, principalmente a popularidade – para vencer uma disputa onde os ventos estavam contra ele. Talvez por isso, ele se despiu das vaidades comuns a políticos populistas e foi para a campanha disposto a garantir a aprovação da maioria da população.

Com a vitória há que se reconhecer que Dias estava certo ao ampliar a sua aliança de partidos há 18 meses para ter o MDB como integrante da base e do governo, assim como outros de menores tamanho mas com alguma representatividade. Foi muito criticado quando criou mais órgãos para abrigar os novos aliados, a oposição achando que ele havia transformado o governo num elefante. Porém, Wellington Dias sabia o que estava fazendo e fortaleceu-se para a disputa do novo mandato.

Além de uma oposição irada, ele enfrentou insatisfações dentro da própria base ao protelar o máximo a definição do nome do candidato a vice-governador à qual decorreu uma série de fatos conseqüentes como o lançamento da candidatura do Dr. Pessoa. O MDB, que reivindicava o posto na chapa, foi preterido pelo nome da senadora Regina Sousa resultando num momento de tensão. Ainda assim, ele superou o problema e pode fazer uma campanha ignorando os insatisfeitos.

Não por acaso, o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, chegou a dizer a um interlocutor oposicionista que só teria chances de reeleição se estivesse alinhado a Wellington Dias no Piauí. De fato, Nogueira e Dias se uniram e venceram com folga, levando junto o outro candidato a senador. A força de Dias está na persistência e na fé naquilo que almeja. A oposição acreditou muito que o governador afundaria nos erros que propagou e esqueceu outros caminhos. Subestimar foi o erro, porque a força dele está no trabalho, na crença, não na pequenez ou na baixeza dos adversários.

ALIADOS DE ONTEM ADVERSÁRIOS DE HOJE

Alguns dos candidatos que Wellington Dias (PT) derrotou nas eleições majoritárias deste domingo (07) foram antigos aliados e secretários no primeiro e segundo mandatos, que romperam com ele, uns em 2014 e outros já em 2018 achando que o “Índio” estava acabado.

São eles Wilson Martins (PSB) e Robert Rios (DEM), o senador Elmano Ferrer, e porque não citar o advogado Valter Rebelo (PSC), que foi nomeado por Dias em 2003 para diretor jurídico do Detran e foi juiz do Tribunal Regional Eleitoral nomeado pelo presidente Lula por influência dele.

FOI MELHOR ASSIM

Se o ex-senador João Vicente Claudino (PTB) tivesse sido candidato a governador talvez os deputados Janaína Marques e Nerinho, ambos do PTB, não tivessem comemorado a vitória para mais um mandato no domingo (07).

João Vicente tentou convencer o partido a apoiar seu projeto de candidatura ao governo do estado mas sua tentativa foi barrada pelos dois deputados que ameaçaram deixar a legenda.

O partido elegeu uma bancada com 2 deputados estaduais mas infelizmente perdeu sua cadeira na câmara. O deputado Paes Landim não conseguiu se reeleger.

VOTAÇÃO MENOR

Candidato que polarizou a eleição com o prefeito Firmino Filho (PSDB) nas eleições de 2016, o Dr. Pessoa teve naquele pleito um total de 170 mil votos. Para alguns apedêutas, lembrando Carlos Said, com esse cacife Pessoa iria largar para vencer a disputa pelo governo.

Doutor Pessoa  (Foto: Valéria Amorim/Portal AZ)

Nas eleições deste domingo (07), Pessoa caiu de 170 mil em 2016 (39%) para 125 mil (30%), sendo derrotado na capital por Wellington Dias que obteve 148 mil (35%). É a prova que no Piauí alguns “pseudos analistas” fazem previsões com passionalidade.

OUTRO DERROTADO

Outro derrotado por Wellington Dias foi o prefeito de Parnaíba, provando que Mão Santa não é o dono dos votos da cidade.

Lá o governador obteve 30.874ou 43% dos votos, enquanto o segundo colocado foi o candidato do PSDB Luciano Nunes com quase 25 mil ou 35% dos votos.

A indicação da delegada Cassandra Moraes Sousa para candidata a vice-governadora de Nunes não foi uma escolha sábia. Só valeu para Parnaíba.

NA CORDA BAMBA

A derrotada na família Moraes Sousa não se limitou apenas a Mão Santa e sua filha delegada.

O ex-governador Antonio José de Moraes Sousa Filho (o Zé Filho), que era um dos mais cotados para conquistar uma cadeira na Assembléia, não se elegeu.

A aliança tucana só conseguiu emplacar o deputado Marden Menezes, enquanto o PSB salvou-se com Gustavo Neiva.

FRUSTRAÇÃO

Uma prova de que nem sempre as pesquisas acertam (claro a disputa é a proporcional) é o caso do suplente Sillas Freire.

Silas Freire (Foto: Divulgação)

Silas oscilava entre o segundo e o quarto lugar em todas as pesquisas (expontâneas) realizadas pelos institutos.

Quando as urnas foram abertas, ele se deu conta que a candidata Dra. Marina, do PTC, teve mais votos que ele e ficou com a vaga. Frustrante.

COTAÇÃO

Dois nomes já aparecem nas especulações para ocuparem cargos no quarto mandato de Wellington Dias à frente do governo do estado.

São eles o coronel Carlos Augusto (PR), que se elegeu deputado estadual, que pode ir para a Secretaria de Segurança, e Osmar Júnior, coordenador da campanha de Dias.

Osmar, de acordo com as especulações, ocuparia a Secretaria de Governo cargo que o governador quer alguém com grande capacidade de articulação.

APEADOS

Wellington Dias deve mexer na estrutura administrativa do governo enxugando o máquina com a extinção de alguns órgãos, principalmente aqueles criados para acomodar os novos aliados no ano passado, como o MDB.

Com isso, grupos parlamentares que não conseguiram permanecer na Assembléia ou na Câmara dos Deputados devem desocupar o lugar para que os novos integrantes da base governista venham a preenchê-los.

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