Uma nova ordem partidária

Uma nova ordem partidária

Há vários fatores, uns de mais e outros de menos importância, para se crer que nas eleições de 2020 (municipais) e 2022 (gerais) não se repetirão os fatos elementares que resultaram na eleição do deputado Jair Bolsonaro presidente da República. Nesta, predominou o senso maniqueísta de variados setores da sociedade, a permissão ainda vigente das coligações, o acesso ao Fundo Partidário e aos espaços no rádio e TV, e o desequilíbrio que a natural pulverização partidária impregnou na campanha eleitoral.

Jair Bolsonaro (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Com efeito, a vitória de Jair Bolsonaro nas urnas em 2018 é um marco no processo de alternância do poder e como tal inaugurará uma mudança na ordem partidária a partir da ruptura com o velho sistema. Novos partidos surgirão aglutinando forças que nesta eleição estiveram em lados opostos forçados pela conjuntura e com eles campos ideológicos semelhantes ao de hoje mas sem o paralelo que PSDB e PT construíram ao longo dos últimos 25 anos e interrompido agora com a vitória da extrema-direita.

É crível prevê que ao longo da próxima década os arranjos partidários acabarão por criar um sistema partidário menos pulverizado na medida em que o leque das restrições aos partidos nanicos e de aluguéis começar a se abrir. Eles serão obrigados a fundir-se ou um só incorporar outros para manter a mesma nomenclatura e com isso o número de partidos vai diminuir. Com isso, os vícios da barganha que alimentou o velho sistema serão eliminados de maneira gradual até chegar a limites aceitáveis.

Não por acaso, líderes de partidos como Geraldo Alckimin, do PSDB, o governador de São Paulo, Márcio França, o ex-presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e outros articulam de um lado, a formação de um novo partido ou bloco partidário, e de outro, o PSB, Rede e Psol, tentam criar uma frente oposicionista que podem acabar em um novo partido, ou um absorver todos. Esse movimento é originado justamente pelo resultado da eleição, podendo surgir daí o ponto de partida para uma nova estrutura partidária.

Jair Bolsonaro, em um de seus discurso, disse que vai concluir o projeto que propõe o fim da reeleição para vir já em 2022. Ora, é uma posição sobre um tema que agrada a alguns setores políticos mas que se sustenta até o inquilino dos palácios de governos central, estaduais e municipais gostar de estar no poder para tentar continuar. Quase todos, desde o restabelecimento das diretas, foram reeleitos, daí muitos desejarem ver o fim da reeleição. Isso, porém, é o que motiva as forças a tentarem se unificar.

É evidente que, se mantiver o instituto da reeleição e desejar pleiteá-la, Bolsonaro terá dificuldades para alcançar seu objetivo porque contra eles estarão em palanques separados forças do centro, de centro esquerda e de esquerda. Nesta perspectiva é que a conjuntura de 2022 não será a mesma de 2018, 2014 e outras eleições atrás. Nesta nova ordem, o sistema partidário estará mais enxuto, devido ao fim da coligação entre partidos, e o que virá é um novo modelo político com menos barganha e mais compromisso.

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