Estupidez ideológica
Estupidez ideológica
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) começa a mostrar a que veio e a oferecer uma pista de como será seu governo. Antes mesmo de assumir o cargo e dar a sensação de que já governa o país, ele começa a agir criando problemas para o país, notadamente nas áreas de saúde e social. O rompimento do governo cubano com o programa Mais Médicos, criado no governo Dilma Rousseff, é uma prova de que Bolsonaro não tem idéia das conseqüências de suas manifestações escolhas podem resultar em traumas.
Perder uma caravana de 8 mil médicos que atendem em áreas inóspitas, onde nenhum dos médicos brasileiros querem ir para não deixar a vida nos centros urbanos, onde o acesso aos bens de consumo e boa diversão são atrativos para uma profissão que garante bons salários, é um prejuízo muito grande para a população que vive nessas regiões. O governo cubano fez o certo. Ora, se o futuro governante do país age, mesmo depois da eleição, de maneira ideológica e radical, não há clima para mantê-los aqui.
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Foi uma atitude mesquinha da parte do presidente eleito que sequer escolheu seu ministro da Saúde ou revelou que metas pretende lançar para o setor, nem na campanha nem no período pós-eleição. É esperar demais de um político que concorreu a Presidência da República sem participar de um debate sequer, nem no primeiro nem segundo turno. No primeiro é até justificável mas no segundo sua recusa o impediu de ser inquirido sobre um programa de governo que ele não propôs.
Quem acompanhou Jair Bolsonaro desde a pré-campanha até o período eleitoral vai lembrar que o discurso do candidato teve como base apenas o aspecto ideológico, onde o combate a violência deve ser feito com violência, que ia expulsar os petistas do país, sem esquecer suas atitudes de intolerância em relação a negros, homosexuais e nordestinos eram exortadas por quem estava disposto a depositar seu voto nele. Sem um programa de governo, o discurso da campanha foi mantido e está trazendo conseqüências.
O programa Mais Médicos, lançado no início do segundo governo Dilma Rousseff, era uma ação de governo mas deixou para ser uma ação de estado pelas simples razão de atender à faixa mais pobre da população que não tem acesse ao atendimento oferecido pelas pequenas cidades em áreas distantes de grandes e médios centros urbanos. A simples atitude (de estupidez ideológica) de dizer que a permanência deles está condicionada ao exame é uma provocação e um desrespeito a outro país.
Na diplomacia mundial existem regras e condutas de relacionamentos entre nações e governos independente dos regimes. O Brasil não é o único país que possui convênios com Cuba na área da saúde para a cessão de profissionais da medicina. A Inglaterra, país de primeiro mundo, é um dos vários que têm. Se Bolsonaro continuar querendo fazer um governo para erradicar todo e qualquer resquício de ações do PT, ele pode ter certeza de uma coisa: sua passagem pela República será marcada pelo fracasso e a sua impopularidade.