Muda o governo mas a forma é a mesma

Muda o governo mas a forma é a mesma

A escolha do deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM/MS) para o cargo de ministro da Saúde foi recebida com descrédito ante as acusações de fraudes em licitação e ser beneficiado com dinheiro de Caixa 2 de campanha eleitoral. A mesma situação ocorreu com a também deputada Tereza Cristina, também do DEM do Mato Grosso do Sul, para a pasta da Agricultura, que é acusada de receber doação de Caixa 2 de um fazendeiro acusado de ser o mandante do assassinato de um líder indígena.

Somando-se a eles também está o futuro ministro gaúcho Onyx Lorenzzoni, acusado por delator da Lava Jato de recebimento de propina das empreiteiras investigadas na operação pelo juiz Sérgio Moro. A escolha dos três integrantes do DEM para compor o ministério pelo presidente eleito Jair Bolsonaro quebra o discurso moralista de combate à corrupção e nem mesmo a declaração que ele deu, de que contra Mandetta existe apenas acusações, não condenações, alivia o tropeço nos critérios de escolha.

Mas não é só a máscara de Jair Bolsonaro que vai ao chão com o anúncio de nomes de futuros ministros acusados e investigações por condutas ilícitas no desempenho de suas funções públicas. O juiz Sérgio Moro, que se desligou da carreira de magistrado na justiça federal deveria se sentir constrangido depois de aceitar ocupar cargo de ministro no Executivo e servir a um governo onde parte de seus companheiros de ministério são pessoas investigadas, alguns pela operação que ele liderou até ontem.

No entanto, agora que trocou de lado e adotou o discurso dissimulado dos políticos, ele deu de ombros e disse apenas que Onyx Lorenzzoni pediu desculpas por seus atos que contrariaram as leis e por isso estava perdoado. Ora, quando o paladino da justiça, como ele foi alçado por seus admiradores, e da moral “perdoa” alguém que ele deveria investigar ou enviar o caso para o Supremo Tribunal Federal pelo fórum privilegiado, é possível se julgar antecipadamente que o governo já começa com cara de velho.

Velho não pelo fato de os nomes até aqui confirmados para o ministério já terem exercido o cargo mas pelas suspeitas – em grau de investigação – de velhas práticas nada republicanas de que se serviu o presidente eleito para municiar o discurso com o qual conquistou os adeptos que lhe colocaram no Palácio do Planalto. Ao tomar o poder com um golpe de estado em 2016, Michel Temer não teve escrúpulo em desafiar o combate à corrupção formando um ministério com indivíduos suspeitos.

Joaquim Barbosa, então relator da ação penal no STF conhecida como “Mensalão” chegou a pensar em entrar na política e quase ingressa no PSB para tentar uma candidatura a presidente. Desistiu antes mesmo de escolher um abrigo partidário pela razão simples de que mudar de lado implicaria no ingresso ao mundo político onde as práticas são aquelas que ele ajudou a condenar. Se Sérgio Moro ignorou o gesto de seu colega de poder é porque para ele tanto faz estar de um lado ou de outro, a máscara protege.

DESPRENDIMENTO

É bom esclarecer que o cargo de presidente do Sebrae não é remunerado.

Os cargos remunerados deste órgão que faz parte do Sistema S, são os de superintendente; diretor administrativo-financeiro e o de diretor técnico.

Com efeito, a diretoria executiva é quem de fato opera a gestão do Sebrae, uma vez que os presidentes, em geral, já ocupam os cargos nas federações.

São elas dos setores da Indústria, Comércio, Rural e Transporte.

CORTES

Quando Jair Bolsonaro assumir em janeiro já é dado a ele a primeira medida que deve tomar.

O corte de pelo menos R$ 30 bilhões do orçamento de 2019 se quiser atingir o teto de gastos previsto pela emenda constitucional que Michel Temer aprovou em 2016.

Se fizer o corte os estados vão ter de apertar os cintos, assunto de que o governador Wellington Dias vem se omitindo de discutir.

Por enquanto, o governador insiste em tentar desencavar créditos do estado que a União reteve.

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