Candidato ao isolamento

Candidato ao isolamento

A contagem regressiva pelo fim do governo golpista de Michel Temer (MDB) começou e com ela a perda de espaços no governo da República pelo senador piauiense e presidente nacional do PP Ciro Nogueira. O anúncio da indicação de Pedro Guimarães para a presidência da Caixa Econômica e de Luiz Henrique Mendetta para o Ministério da Saúde tira do senador dois dos mais importantes cargos que ele tinha no governo e fazia dele um dos políticos mais influentes da República nos últimos 2 anos.

O epíteto de “o senador que mais trouxe recursos para o Piauí” varreu o estado na campanha eleitoral e favoreceu a recondução de Ciro Nogueira para mais 8 anos de mandato no senado. Contrastando com sua eleição para o senado a vitória do deputado Jair Bolsonaro na eleição presidencial, porém, traz com ela o fim de um curto período de prestígio que ele teve na República e dúvidas sobre a viabilidade de seu projeto político pessoal de se candidatar a governador do Piauí na eleição de 2022.

Embora hoje esteja no comando de seu partido, Ciro Nogueira deve amargar um período de isolamento no contexto político sob a presidência de Jair Bolsonaro. Esta semana, por exemplo, o presidente eleito recebeu para uma conversa em seu comitê de campanha a senadora gaúcha Ana Amélia, do PP, que abandonou o projeto de reeleição ao senado este ano e uma candidatura ao governo do Rio Grande do Sul para ser candidata a vice-presidente na chapa do candidato do PSDB Geraldo Alckmin.

Nada foi revelado pela senadora sobre a conversa com Bolsonaro, principalmente em relação a cargos no futuro governo já que ela ficará sem mandato a partir de 31 de janeiro de 2019, no entanto, as especulações viraram o prato de comentaristas e articulistas. Um deles é o de que o presidente eleito a quer no comando do partido que renova sua direção no próximo ano. Bolsonaro militou no PP durante vários anos e teve de transitar por outros partidos até chegar ao PSL para se candidatar.

Futuro ministro de Bolsonaro, Onyx Lorenzzoni também foi militante no PP com o presidente eleito e foi um dos coordenadores de sua campanha, enquanto Nogueira colocou o partido numa aliança com o PSDB na eleição presidente e fez aliança no plano estadual com o PT. Essa atitude, sem dúvida, não passou despercebida ao candidato do PSL que fez questão de escolher para os cargos hoje sob sua influência pessoas sem nenhuma ligação a ele ignorando-o como político influente no Congresso.

Talvez por isso, Ciro Nogueira tenha ensaiado uma candidatura à presidência do senado sabendo que essa é a única saída para manter sua força na Casa e recuperar o prestígio junto ao Palácio do Planalto. Como o presidente do senado é quem define as pautas de votação e preside as sessões do Congresso, é óbvio que nenhum presidente ousaria se indispor com o Poder Legislativo. Sem a presidência e voltando a ser um senador a mais, Ciro vai experimentar pela primeira vez uma candidatura ao isolamento.

 

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