Polarização quase irreversível

O prefeito terá se desdobrar para tentar conquistar o máximo de votos que puder para seu candidato

O prefeito de Teresina Firmino Filho (PSDB) decidiu, depois de um longo período de hesitação, abraçar a candidatura do deputado Luciano Nunes, do PSDB, ao governo do estado. Firmino, porém, vai se deparar com um problema para transformar seu apoio e a força de sua liderança em votos para seu candidato em Teresina. De acordo com as pesquisas de intenção de votos, há uma tendência forte de estabelecer uma polarização entre o Dr. Pessoa e o governador Wellington Dias na capital.

Firmino Filho em entrevista ao Portal AZ

Na pesquisa do Data AZ realizada mês passado em Teresina, logo após o lançamento da candidatura do Dr. Pessoa, os números apontaram um empate técnico entre Dias (31% das intenções de votos) e o candidato do Solidariedade (28%), enquanto Luciano Nunes aparecia com pouco mais de 6% da preferência do eleitor. Neste caso, fica clara a dificuldade que o prefeito terá para transferir votos para o seu candidato, mesmo contando ele com a maioria dos votos com os quais se elegeu no 1º turno em 2016.

Em 2016, o deputado Dr. Pessoa foi candidato a prefeito de Teresina contra o prefeito Firmino Filho chegando a quase 40% (39 virgula alguma coisa) dos votos (algo em torno de 170 mil votos) e por muito pouco a disputa não foi para um segundo turno. O fato é que a realidade mostra que o Dr. Pessoa permanece com um potencial de votos substancial na capital. Mas seu adversário potencial não é o candidato do prefeito, em quem deu um susto em 2016, mas o governador Wellington Dias.

O potencial do candidato do Solidariedade para fazer frente ao candidato do PT em Teresina não se sustenta apenas no fato de em 2016 ele se postar como alternativa ao candidato situacionista. Dois anos antes, o governador não apresentou na capital a mesma performance de eleições passadas como em 2002 e 2006, quando a diferença de votos para seus adversários superou os dois terços (uma delas, em 2006, contra o próprio Firmino Filho). Contra o então governador e candidato do MDB à reeleição em 2014, Moraes Sousa Filho, Dias impôs uma diferença de pouco mais de 60 mil votos.

É possível que o governador venha a derrotar seu principal adversário em Teresina nas eleições de outubro mas a diferença deve ser bem inferior àquela que ele colocou sobre Zé Filho em 2014. Com efeito, a polarização da disputa entre Wellington Dias e Dr. Pessoa, se confirmada essa tendência – e é o que deve acontecer –, isolará não só o candidato do PSDB como o próprio prefeito, patrocinador da candidatura, da disputa favorecendo virtualmente o governador dado o Dr. Pessoa carecer de força no interior.

Com a campanha em curso, o prefeito terá se desdobrar para tentar conquistar o máximo de votos que puder para seu candidato. Mas como já disse, não será uma tarefa das mais fáceis. Teresina sempre teve o perfil de uma cidade progressista como costumava enfatizar o prefeito Wall Ferraz. Mas sabe também ser conservadora quando o momento e a conjuntura assim exigem. O PSDB já governa-a há mais de 20 anos. Quando a eleição é estadual, porém, o partido nem sempre foi vencedor. Por isso, a polarização é uma tendência quase irreversível.

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