O futuro do PSB no Piauí

O futuro do PSB no Piauí

O anúncio do deputado Rodrigo Martins de que vai se desligar do PSB após concluir seu mandato no dia 31 janeiro de 2019 é apenas emblemático, representando o fim de um ciclo de partidos que cresceram à sombra do poder mas que ao perdê-lo se viram em processo de encolhimento, sem qualquer perspectiva de reverter esse destino. É claro que o PSB nacional ainda consegue se manter como uma legenda de esquerda mas no Piauí, devido o controle por políticos conservadores, tende a ficar nanico.

Quando assumiu o PSB em 2005, o então deputado estadual Wilson Martins, que estava deixando o PSDB por divergências com a cúpula do partido em Teresina, não mudou a linha do partido. Não só o manteve no leque de alianças com o PT como na coligação com os petistas em 2006, em que o então governador Wellington Dias pleiteava a reeleição, o indicou para companheiro de chapa como candidato a vice-governador e quatro anos depois assumiu o governo e reelegeu-se.

Os erros começaram quando Martins levou para o partido antigos integrantes do PFL, que depois virou Democratas. A presença do PT no governo Wilson Martins, com forte participação em cargos no interior, incomodava os pefelistas. Na virada de 2013 para 2014, a conjuntura da época em que manifestações contra o governo Dilma Rousseff, patrocinadas pela direita e dividiria o país naquele pleito, fez os oriundos do DEM a convencer Martins a se livrar do PT e marchar com outras forças na eleição.

Convencido pelos “companheiros” que, tirando os petistas do governo, enfraqueceria o partido pelo fato de ficarem fora dos cargos, Martins planejou sua candidatura ao senado numa chapa governista com o MDB, que assumiria o Palácio de Karnak com sua renúncia (primeiro com Marcelo depois com Zé Filho, vice que seria o governador), mas tudo saiu errado e ele foi derrotado. Julgando que em 2018, reverteria o mau resultado do pleito passado, Martins sofreu sua derrota para um cargo majoritário.

O resultado do pleito de 2018 para o PSB do Piauí, comandado pela família Martins, foi um desastre político com prejuízos incalculáveis. É pouco provável que o partido consiga evitar a fuga de lideranças, principalmente nos municípios. Vale lembrar que já nesta eleição muitos líderes municipais apoiaram a chapa governista, comprometendo o controle da legenda pela cúpula. Com isso, o PSB deve chegar às eleições municipais de 2020 bastante desfalcado para iniciar um processo de soerguimento no estado.

Talvez sabendo disso, o deputado Rodrigo Martins tenha optado por ficar livre a fim de buscar um novo rumo em sua trajetória política muito embora ele não tenha revelado se permanecerá na vida pública. Além de Martins, deve seguí-lo na decisão de deixar o PSB o deputado Átila Lira já que o PSB dificilmente integrará a base parlamentar do governo Bolsonaro. Nesta perspectiva, é provável que até mesmo o ex-governador Wilson Martins também tome a decisão de dar um novo rumo partidário a si mesmo.

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