Economista aponta semana de quatro dias como chave para salvar o capitalismo
Fim da jornada 6x1 pode impulsionar bem-estar e consumo, diz defensor da mudança
O economista português Pedro Gomes, autor do livro Sexta-feira é o novo sábado, defende a transição para uma semana de trabalho de quatro dias como uma solução para os desafios do capitalismo atual. Gomes, que coordenou o projeto-piloto da jornada reduzida em Portugal, vê na mudança uma oportunidade de alinhar a economia ao mundo moderno, onde o trabalho intensivo e as exaustivas jornadas têm gerado efeitos negativos, como o burnout e o estresse. Segundo ele, a manutenção de escalas antigas, como a 6x1, estão desatualizadas e, mais do que limitar a produtividade, prejudicam a economia ao deixar de valorizar o tempo livre dos trabalhadores.
Para Gomes, a semana de quatro dias traz impactos econômicos positivos que vão além do bem-estar dos funcionários. Em entrevista, ele enfatizou que o tempo livre estimula o consumo em setores como o turismo, a gastronomia e o lazer, impulsionando a economia local. “O tempo de lazer não é tempo morto”, destaca. Ele cita exemplos históricos, como o crescimento do turismo interno na China após a implementação da semana de cinco dias, que transformou o país em um dos maiores mercados de turismo do mundo. A proposta, segundo ele, não apenas beneficia o trabalhador, mas amplia oportunidades para diversos setores da economia.
A resistência empresarial, contudo, é apontada por Gomes como uma barreira comum em transições históricas de jornada, mas que, segundo ele, não se sustenta na prática. Durante o teste em Portugal, que envolveu 41 empresas, apenas quatro optaram por retornar à jornada de cinco dias. Segundo o economista, a adaptação das empresas à redução da jornada envolveu a reestruturação de processos, com corte de reuniões desnecessárias e adoção de tecnologia para otimizar o tempo. O resultado foi positivo: mais produtividade e satisfação entre os funcionários, mostrando que a mudança é viável com planejamento adequado.
O Brasil, que ainda discute a abolição da escala de seis dias, também poderia se beneficiar da transição para uma semana de quatro dias, argumenta Gomes. Ele acredita que essa mudança seria um passo importante para a economia brasileira, trazendo não apenas melhorias na qualidade de vida dos trabalhadores, mas também impulsionando o crescimento econômico. “Acabar com a escala 6x1 seria adaptar o trabalho à realidade do século 21, abrindo espaço para que o tempo livre também se torne uma alavanca para o desenvolvimento”, conclui o economista, apontando o debate como essencial para o futuro do trabalho e da economia no país.
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Fonte: Correio Braziliense