150 dias depois: a quem interessa a prisão e censura do jornalista Arimatéia Azevedo?

Jornalista continua preso e sem poder exercer sua profissão

Por Redação do Portal AZ,

A quem interessa o silêncio? Há 150 dias o jornalista Arimatéia Azevedo encontra-se amordaçado e impedido de exercer o jornalismo, profissão essa que lhe dá fôlego de vida. Há 50 anos, ele enfrenta poderosos e dá voz a muitos daqueles que não podem se defender.

Com 20 anos de atuação, o Portal AZ é o 1° portal de notícias do Piauí, criado pelo jornalista Arimateia Azevedo no dia 1° de janeiro de 2000.

Jornalista está preso há 150 dias e sob censura (Foto: Portal AZ)

Durante esses anos de história, e com uma linha editorial uniforme, através do Portal AZ o leitor fica sabendo das principais notícias sobre as ações da política, da polícia e da justiça do estado, como também de temas mais leves como concursos, eventos e cultura. No entanto, desde quando Arimatéia Azevedo teve sua voz calada, não é somente o jornalista e o primeiro site piauiense que estão sob a mira da censura, mas também milhares de jornalistas espalhados pelo Brasil ficam sob a ameaça de não cumprirem o seu papel fundamental de levar informação às pessoas.

É um caso que rompe as barreiras do nosso estado e faz com que outros profissionais reflitam sobre os seus direitos diante da sua função.

Combativo e corajoso, Arimatéia Azevedo denunciou esquemas criminosos e colocou a própria vida em risco por diversas vezes ao noticiar fatos envolvendo figurões do estado, em sua coluna. Por causa do seu trabalho, Arimatéia sempre incomodou aqueles que gostariam de esconder os seus segredos obscuros.

No dia seis de janeiro de 2020, o Portal AZ publicou, assim como outras denúncias que a redação recebe diariamente, uma matéria que expôs um erro médico cometido pelo cirurgião plástico Alexandre Andrade. Na publicação constavam documentos e imagens sobre o caso supostamente criminoso atribuído ao profissional que no mesmo dia teve todo o espaço para dar a sua versão, como fez.  

Imediatamente, os advogados de Alexandre Andrade enviaram uma nota de esclarecimento acerca do conteúdo publicado. Uma nova matéria foi ao ar no mesmo destaque que a anterior e com a mesma divulgação nas redes sociais.

Quase seis meses depois o jornalista Arimatéia Azevedo foi preso em plena pandemia do novo coronavírus em sua residência, acusado de ter praticado extorsão contra o médico Alexandre Andrade e foi impedido de dar a sua versão sobre o caso, assim como o Portal AZ, que ficou proibido por meses de publicar matérias a respeito do assunto.

Além da prisão, Arimatéia Azevedo está proibido de trabalhar, teve sua imagem explorada negativamente em diversos sites locais, emissoras de televisão e no rádio, sem poder dar a verdadeira versão dos fatos. Sem voz, sem espaço e censurado pela justiça do Piauí, Arimatéia não tem chance de defesa.

Trata-se de uma prisão que levanta questionamentos como faz o jurista Miguel Dias: “A liberdade do jornalista representa risco para o processo e para a sociedade? Arimatéia em liberdade poderá empreender fuga para safar-se da aplicação da lei penal?”; “Solto haveria prejuízo para o processo e para a sociedade?”; “A liberdade de Arimatéia Azevedo impossibilitaria provável condenação alicerçada em provas?” Claro que não”.

Para o advogado Palha Dias, “a prisão de Arimatéia é um exibição desnecessária de pirotecnia policial, eivada de abuso de autoridade, incluindo descompasso absurdo entre instâncias do judiciário, em jogo de empurra sem justificativa e sem critério, tudo a exigir respostas que ultrapassam o que está escrito na acusação e nas respostas dos acusados.” Em outro momento, o famoso advogado chega a dizer que “existe um jogo claro e perigoso, que ultrapassa os limites processuais, e que precisa ser imediatamente barrado, ou haverá uma grande confusão jurídica no andamento do processo”.

Seria no mínimo cômodo para quem tanto ver Arimatéia Azevedo como uma ameaça, tê-lo preso, censurado e sem publicar o que eles mais temem.

Afinal, a quem interessa o silêncio do jornalista Arimatéia Azevedo?

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