Bolsonaro muda pela terceira vez agenda de viagem ao Piauí e Bahia

FAB cancelou pouso do Embraer 190 da Presidência da República em SRN

Por André Pessoa,

Depois de toda a expectativa criada nos coronéis do sertão que iriam se lambuzar politicamente com a visita do presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido), ao semiárido nordestino, além dos seus eleitores, correligionários e fãs, a Força Aérea Brasileira cancelou pela terceira vez a viagem política. 

Bolsonaro muda pela terceira vez agenda de viagem ao Piauí e Bahia (Foto: Sérgio Lima / Poder 360)

Além de todas as despesas oriundas dos deslocamentos de uma aeronave Embraer 190 entre Brasília, São Raimundo Nonato, Brasília, para trazer a equipe precursora da visita presidencial e, outra vez, Brasília, São Raimundo Nonato, Brasília para buscar a equipe da presidência, além de todas as despesas com aluguel de veículos - uma carreta completa, (veja foto) -, diárias de uma equipe de mais de 40 profissionais, entre outros gastos. 

Aluguel de veículos para equipe do presidente (Foto: André Pessoa / Portal AZ)

Também é necessário contabilizar o cancelamento e consequente prejuízo de hotéis. Tudo com o País em plena pandemia. Com quase 100 mil pessoas mortas pela Covid-19.

FAB cancelou pouso do Embraer 190 da Presidência da República (Foto: André Pessoa / Portal AZ)

O anúncio da confirmação da visita de Bolsonaro na próxima quinta-feira dia 23, se deu às 15 horas de domingo (19) pela chefe do Parque Nacional da Serra da Capivara, Marian Helen Rodrigues. 

Num post, Marian anunciou os últimos ajustes na reserva federal para receber o presidente. “Uma paradinha para um café fresquinho, estamos a todo vapor, trabalhando para receber o presidente Bolsonaro no dia 23. Visitará o Parque e o Museu da Natureza”, (sic) escreveu ela. Logo em seguida, a coordenadora do ICMBio no Piauí, Ana Célia, comemorou: “Que bom que a visita foi confirmada”. 

Equipe presidencial em São Raimundo Nonato (Foto: André Pessoa / Portal AZ)

Marian Rodrigues não perdeu tempo e reconfirmou tudo: “Sim, até hoje está tudo confirmado pelo gabinete”. As duas gestoras do ICMBio esqueceram de esclarecer para a população como que o presidente iria visitar o parque se ele está fechado para visitação pública? 

Muitos leitores ao ler a notícia da confirmação da visita do presidente dia 23 ao parque nacional questionaram: “A Lei tem que ser uma só. Valer para o turista e para o presidente. Como o parque e o Museu fechados eles vão abrir exclusivamente para receber Bolsonaro? E os cidadões comuns que também desejam visitar o parque, serão barrados?”. 

A questão é polêmica. Seriam dois pesos e duas medidas. Se o próprio ICMBio fechou as unidades de conservação, como agora vai abrir apenas para a visita do presidente?. “É injusto. Os guias estão parados, os hotéis quase falidos, toda a cadeia do turismo prejudicada e Bolsonaro terá um privilégio? Isso, no mínimo, é ilegal. Configura abuso de poder”.

“Ele vai entrar com a comitiva, gente demais... E o povo não pode visitar o parque... Qual o objetivo a não ser capitalizar isso como propaganda? Ele vai inaugurar uma obra lá? Não né?”, questionou outro turista com viagem marcada para São Raimundo Nonato e que deseja visitar o Boqueirão da Pedra Furada no dia 25. Caso o presidente fosse autorizado a visitar o parque, um juiz federal poderia conceder liminar permitindo o mesmo privilégio ao cidadão que recorrer juridicamente. 

Com relação a visita ao Museu da Natureza, nesse caso não existe nenhuma restrição já que o Museu pertence e é gerenciado por uma entidade privada, a Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM). 

Mas a bravata da chefe Marian Rodrigues e a comemoração de Ana Célia não duraram um par de horas. Apenas 200 minutos após o anúncio da visita de Bolsonaro ao parque, veio a confirmação oficial: pela terceira vez a viagem é adiada, virou motivo de chacota pela região. 

Para piorar o quadro, a chefe do parque nacional Marian Rodrigues é casada com o também pesquisador Jorlam Oliveira. No entanto, Jorlam é um costumeiro crítico do presidente Bolsonaro, ao ponto de compartilhar notícias negativas contra o presidente. 

Com certeza a coordenação do ICMBio em Brasília não conhece esse histórico da chefe do parque, ligada umbilicalmente ao PT e, até alguns meses atrás, crítica do presidente. Ela foi indicada ao cargo pelo deputado federal José Francisco Paes Landim (sem partido), ainda na gestão do presidente Michel Temer.

Agora, aliada de primeira hora da deputada federal Margarete Coelho (PP), e do senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas e líder do Centrão, articulador máximo da visita de Bolsonaro ao parque, Marian se transforma numa fã do presidente, se equilibrando numa corda bamba. 

Importante lembrar que foi na gestão de Marian Rodrigues como chefe do Parque Nacional da Serra da Capivara que o presidente Bolsonaro e sua família foram hostilizados no palco da Pedra Furada.

Relembre o vídeo abaixo:

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