Conta de luz ficará mais cara em setembro com retorno da Bandeira Vermelha
O período de estiagem que atinge o país é a principal causa do aumento
O retorno da bandeira vermelha 2 na conta de luz, anunciado neste mês pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), terá impacto significativo na inflação, não apenas em setembro, mas também nos próximos meses. A expectativa é que as projeções do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) sejam revisadas para cima nos próximos boletins semanais do Banco Central.
O anúncio foi feito pela Aneel na última sexta-feira, após o fechamento dos mercados. De acordo com o boletim Focus da semana anterior, a mediana das projeções para o IPCA deste ano estava em 4,25%, marcando o sexto reajuste semanal consecutivo. Para setembro, as estimativas indicavam um avanço de 0,27%.
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Segundo Otto Nogami, economista e professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), o impacto da bandeira vermelha na tarifa de energia elétrica pode variar de 0,32 a 0,50 ponto percentual no IPCA de setembro. "A energia elétrica é o segundo componente mais importante do IPCA, com peso de 4,4083%, e o aumento nos custos de energia pode pressionar outros preços na economia, como bens e serviços que dependem de eletricidade", destacou Nogami. Ele também alertou que o aumento no custo da energia elétrica será repassado aos consumidores, com um acréscimo de R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
O impacto pode ser especialmente forte em regiões onde a renda das famílias é mais comprometida com serviços básicos, como energia. Em tais regiões, a bandeira vermelha 2 pode agravar o custo de vida, pressionando ainda mais o IPCA.
Benito Salomão, professor do Instituto de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia (Ieri-UFU), afirmou que, embora seja cedo para prever o impacto em outros setores, a situação é preocupante. "A bandeira vermelha de patamar dois é um impulso inflacionário em um momento em que a inflação já está próxima do teto da meta", disse Salomão. Em julho, o IPCA acumulado em 12 meses ficou em 4,50%, atingindo o teto da meta para este ano, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A falta de chuvas tem afetado diretamente os níveis dos reservatórios das hidrelétricas, que são as principais fontes de geração de energia no Brasil. Com a queda nos níveis dos reservatórios, o sistema elétrico nacional é obrigado a acionar usinas termelétricas, que têm um custo de operação mais elevado, o que encarece a energia tanto para empresas quanto para consumidores.
A estiagem prolongada afeta regiões como o Centro-Oeste e o Sudeste, onde a escassez hídrica e as queimadas são cada vez mais graves. No Distrito Federal, por exemplo, o período de seca já dura mais de 130 dias, aproximando-se do recorde de 163 dias registrado em 1973.
Charles Dayler, doutorando em Ciências Ambientais pela Universidade de Brasília (UnB) e especialista em meio ambiente, explicou que o acionamento das termelétricas se deve à necessidade de preservar os níveis dos reservatórios. "O governo é obrigado a acionar térmicas, porque não pode deixar o reservatório secar. Como o preço do combustível é mais caro, o custo aumenta. E como não há previsão de chuvas até outubro ou novembro, ainda temos um longo período de estiagem pela frente", concluiu.
Fonte: Com informações do Correio Braziliense