Barragem de Curimatá é contaminada por excesso de ferro diz laudo

A água do reservatório apresenta teor de ferro acima do padrão e coloração atípica devido resíduos de fábrica vizinha

Por Carlos Sousa,

A Barragem Vereda da Cruz, localizada em Curimatá, no sul do Piauí, foi confirmada como contaminada após a divulgação de um laudo elaborado por um laboratório de análises químicas, a pedido da Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi). O documento aponta que a água do reservatório, que abastece a população local, está com teor de ferro acima dos padrões aceitáveis e apresenta uma coloração distinta da usual.

Foto: ReproduçãoEssa nuvem cobre parte da cidade de Curimatá. É o pó do calcário que contamina a água consumida pela população
Essa nuvem cobre parte da cidade de Curimatá. É o pó do calcário que contamina a água consumida pela população

A solicitação para análise da água surgiu após moradores da cidade denunciarem a poluição do ar por uma fumaça de pó de calcário, supostamente originada de uma fábrica localizada na rodovia PI-256, que liga Curimatá a Morro Cabeça do Tempo. Imagens e vídeos registrados pelos moradores mostram a cidade coberta por uma névoa densa, com o pó de calcário acumulando-se na vegetação e nas residências. Um dos vídeos mostra um morador ironizando a situação ao comentar que "amanheceu nevando" em Curimatá, referindo-se à grande quantidade de pó branco acumulado na região.

A maior preocupação da comunidade é com a água da barragem, cuja aparência mudou significativamente, levantando suspeitas sobre a contaminação pelo pó de calcário. O laudo técnico, assinado pelo químico Alisson dos Reis Barbosa em 20 de junho deste ano, confirmou que a água do reservatório não atende aos padrões físico-químicos e microbiológicos de potabilidade. Foram detectados níveis elevados de ferro, coliformes totais e Escherichia coli, além de uma cor aparente fora do padrão. No entanto, o laudo não estabelece uma ligação direta entre a presença do pó de calcário e a contaminação da água.

Em resposta às denúncias e ao laudo, o Ministério Público Estadual do Piauí (MPPI) instaurou um procedimento no dia 2 de setembro para investigar se a poeira de calcário emitida pela fábrica é a responsável pela contaminação da Barragem Vereda da Cruz.

A reportagem tentou entrar em contato com representantes da fábrica de calcário para obter esclarecimentos, mas até o momento não obteve resposta. O espaço permanece aberto para que a empresa possa se pronunciar sobre as acusações e o laudo divulgado.

A população de Curimatá segue preocupada com os possíveis impactos na saúde, uma vez que a poeira de calcário, em excesso, pode causar irritação nas vias respiratórias, além de problemas renais e cardíacos se ingerida em quantidades elevadas através da água contaminada.

Fonte: PortalAZ

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